Serviço militar para médicos: Argollo diz que proposta é equivocada e autoritária

Serviço militar para médicos: Argollo diz que proposta é equivocada e autoritária

Equivocada e autoritária. Foi assim que o presidente da FENAM, Paulo de Argollo Mendes, definiu a proposta do governo federal, que, se for aprovada, tornará obrigatório o serviço militar para médicos e estudantes de medicina. O Projeto de Lei 6078/09, assinado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi apresentado à Câmara dos Deputados no dia 19 de setembro e inclui o serviço militar obrigatório também para farmacêuticos, dentistas, veterinários e estudantes dessas áreas. O deputado Eleuses Paiva (DEM/SP), que é médico, diz que imposição não resolve o problema e acredita que o projeto não será aprovado na Câmara.

Uma das justificativas da proposta é a de que, geralmente, esses profissionais pedem adiamento ou dispensa das Forças Armadas quando convocados e isso gera uma demanda na realização de ações subsidiárias de assistência à saúde pelas Forças Armadas em áreas do interior do país e em comunidades pobres das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. “É cada vez mais grave a situação gerada pela ausência de médicos nas áreas mais carentes, ditas inóspitas, a exemplo da Amazônia, onde muitas vezes o único atendimento à população local, incluindo os indígenas, é realizado por ação das Organizações Militares de Saúde ou dos postos médicos localizados nos quartéis, como os Pelotões Especiais de Fronteira”, assinala a proposição.

Para o presidente da FENAM, a luta das entidades médicas para solucionar o problema da falta de médicos no interior é constante e a solução é uma carreira de Estado, pela qual o médico vai para o interior iniciar sua carreira com a garantia de que será promovido ou deslocado para outra cidade depois de um determinado período, e não obrigado.

“É uma maneira equivocada de olhar para uma proposta que é do nosso movimento há muito tempo, que é a carreira de Estado para o médico. O que nós propomos é que se crie uma carreira para o médico, ou seja, que ele vá para o interior como faz o militar e o promotor de justiça, que têm a garantia de que serão promovidos com o passar do tempo. Esta é uma proposta autoritária, pois o médico já vai para o interior louco para ir embora e descontente”, disse Paulo Argollo.

O deputado Eleuses Paiva (DEM/SP), da Frente Parlamentar da Saúde, também concorda que a imposição não resolve o problema e acredita que o projeto não vingará na Câmara dos Deputados.

“Acredito que o projeto não vai vingar. Acho que nada que você imponha às pessoas vai resolver. O que falta no país não é impor aos médicos um serviço obrigatório e, sim, uma política adequada para que permita a interiorização da medicina”, afirma o deputado.

O projeto já foi encaminhado à Comissão de Seguridade Social e Família e tramita em caráter de prioridade na Câmara dos Deputados.

Fonte: FENAM

texto publicado pela FENAM