A queda acidental tornou-se a segunda maior causa de mortes em São Paulo no ano passado, e 45% desses acidentes ocorrem em casa, com crianças que sobem na laje para soltar pipa, para brincar ou participar de churrascos. O motivo da multiplicação desses acidentes é a falta de jardins ou de terraços nas favelas e nas casas mais pobres, o que torna a laje superior a única área disponível para o lazer, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia SBOT, Claudio Santili. Ele acrescenta que, ao empinar pipa, a criança fixa o olhar no brinquedo, não percebe que está no limite da laje e sofre a queda, geralmente com consequências graves. O problema está se tornando tão comum, principalmente na época de férias, em que as crianças passam mais tempo em casa, que a SBOT lançou um alerta e fará uma campanha para conscientizar a população a construir muretas ou colocar outra forma de proteção sobre as lajes. A proposta foi apresentada em pesquisa preparada por dois estudantes de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo FCMSCSP, Bruno Alves Rudelli e Marcelo Valério Alabarce da Silva. Durante meses os pesquisadores fizeram plantões no Hospital São Luiz Gonzaga e no Hospital Geral de Guarulhos, administrados pela Santa Casa, e analisaram 50 casos de pacientes que caíram de lajes, principalmente crianças. A maioria das quedas teve efeitos graves, como traumatismo crâneoencefálico e politraumatismo, explica o quintoanista Bruno Rudelli. O pesquisador conta que as vítimas precisam de internação demorada, até mesmo em UTI e a reparação do dano costuma envolver cirurgia e, além do prejuízo para o paciente, que quando não morre fica incapacitado por meses, o custo desses atendimentos é muito alto para a Saúde Pública. A pesquisa da Faculdade da Santa Casa corrobora os levantamentos do Seade e da Prefeitura de São Paulo, que também registram alta incidência de queda acidental em casa, 45% dos casos atendidos em hospitais, contra 29% ocorridos na escola e 22% na rua. Outra pesquisa mostra que no Hospital Mário Covas, num único ano foram atendidos 25 casos de lesão medular traumática, decorrente de queda. O estudo da Faculdade da Santa Casa detalha o que faziam as crianças quando se acidentaram, 12 casos ocorreram durante brincadeiras, 1 em comemoração de aniversário, 11 ao empinar pipa, mas o pesquisador Bruno Alves insiste que o levantamento é apenas uma amostra, nem todos os casos atendidos nos dois hospitais pesquisados foram levantados e certamente, diz ele, há subnotificação, além dos casos em que a vítima, tendo apenas escoriações ou contusões, não chega a procurar ajuda médica. |
Doc Press (www.docpress.com.br)